OSTRA

 

A Ostra é um molusco pertencente à família Ostreidade e à ordem Ostreoida. Este molusco desenvolve-se em águas marinhas ou doces dentro de conchas de formatos irregulares e desiguais entre si.

 

As ostras do género Crassostrea são bivalves, sendo a concha (ou valva) superior ou direita mais plana e menor que a concha inferior ou esquerda que é mais côncava e aderida ao substrato (Miossec et al, 2009).

 

Geralmente o formato das conchas varia com o ambiente onde a Ostra se encontra. As duas conchas são unidas por um ligamento proteico na altura do umbo (protuberância na concha localizada na extremidade anterior).

 

A concha possui três camadas distintas: a camada interna delgada denominada nácar, a camada intermediária composta de carbonato de cálcio e a camada externa que se denomina de perióstraco. O sistema digestivo é completo, compondo-se por palpos labiais, boca, esófago, estômago, intestino e ânus e, possuí ainda estilete cristalino e glândula digestiva. Contém sistema nervoso que é composto por um gânglio cefálico e outro visceral e cordões nervosos ventrais. O sistema circulatório é aberto, possuindo coração constituído por um ventrículo e duas aurículas, veias, artérias e é composto por hemolinfa (Miossec et al, 2009).

 

Como as demais espécies de moluscos bivalves, as ostras são organismos filtradores e alimentam-se de uma grande variedade de partículas em suspensão na coluna de água, que podem ser orgânicas ou inorgânicas. Estas partículas incluem essencialmente o fitoplâncton, mas também podem ser bactérias ou substâncias dissolvidas (aminoácidos, açúcares, etc.) (Dupuy et al., 2000; Mizuta, 2010). A composição do alimento filtrado, assim como a velocidade de filtragem depende largamente do ambiente em que as ostras se encontram. As partículas ingeridas são transportadas através da boca pela ação de cílios e de secreção mucosa. As partículas não digeridas são excretadas sob a forma de pseudofezes (Miossec et al., 2009).

 

As ostras do género Crassostrea são hermafroditas rítmicas sequenciais e apresentam fecundação externa. Desenvolvem-se primeiro como macho e só depois como fêmea. Contudo, as fêmeas podem voltar a machos dependendo de fatores ambientais (Angell, 1986; Miossec et al., 2009). Uma fêmea de ostra do género Crassostrea, quando matura e com um comprimento médio de 10 cm pode conter mais de 100 milhões de óvulos (Quayle e Newkirk, 1989).

 

No género Crassostrea após duas horas da fertilização o óvulo fecundado sofre o processo de clivagem, seguindo-se o desenvolvimento dos seguintes estágios: mórula, blástula e gástrula, atingindo este último estágio ao fim de 6 horas. Nesta fase a larva já apresenta capacidade natatória por meio de cílios. Após 24 horas surge a larva D, apresentando um tamanho entre 61-72 μm e a designação “larva D” surge do fato de apresentar a forma da letra “D”. Ao fim de 14 dias a larva apresenta uma forma arredondada e um velum já desenvolvido, nesta fase a larva designa-se por velígera. As dimensões da larva situam-se entre 230-240 μm. Esta fase inicia-se no sexto dia. Ao décimo sétimo dia começa a surgir o pé, sendo nesta fase a larva designada por pseudovelígera, apresentando um tamanho de aproximadamente 280 μm. Aquando do completo desenvolvimento do pé e com um tamanho de aproximadamente 300 μm, a larva imerge na coluna de água em busca de um substrato para se fixar. Nessa fase acontece o assentamento da larva, que mais não é do que a fixação da mesma a um substrato. A duração desta parte do ciclo de vida da ostra depende essencialmente da quantidade de alimento disponível e da temperatura, podendo demorar entre 15 e 30 dias (ver figura 5) (Quayle e Newkirk, 1989; Manzoni, 2001).

 

As taxas de crescimento das espécies do género Crassostrea, assim como nas demais espécies de moluscos bivalves, dependem de diversos fatores, tais como: a distribuição geográfica, o clima, a localização na zona subtidal ou intertidal, as diferenças genéticas entre indivíduos, e claro, de espécie para espécie (Helm e Bourne, 2004).

 

As ostras podem ser encontradas em todos os mares do mundo, menos em águas muito frias e/ou poluídas. No início, estes moluscos vivem soltos na água e na areia e com o passar do tempo fixam-se às rochas ou a outro tipo de coletor. Os seus principais predadores são, além do homem, diversas espécies de peixes, estrelas do mar, caranguejos e outros tipos de moluscos. Atualmente, os maiores produtores de ostras são: Portugal, Itália, França, Inglaterra, Holanda e Bélgica.

 

Quando precisa de se alimentar, a ostra abre as conchas e suga (processo de filtragem) a água para dela retirar os nutrientes necessários (plâncton, algas e alimentos diversos em suspensão) que ficam presos no seu muco e de lá são transportados até a boca. Quando a temperatura passa dos 10°C, as ostras costumam ingerir mais alimentos, chegando a filtrar, cada uma delas, até 5 litros de água por hora.